Rapé

O Rapé

O Rapé, também conhecido como Dume Deshke ou Rume Poto em línguas nativas dos povos do tronco linguístico Pano, é uma mistura fina produzida a partir do tabaco moído com cinzas de plantas nativas, árvores e/ou ervas medicinais encontradas na Amazônia. Sua utilização tem raízes antigas, remontando a milhares de anos entre as tribos indígenas da América do Sul. O tabaco é considerado uma das plantas mais valorizadas dentro das culturas nativas e é uma planta aliada da Ayahuasca.

O Rapé é compartilhado e utilizado em cerimônias e rituais espirituais, podendo auxiliar no tratamento de certas enfermidades capaz de purificar os corpos espirituais, abrir a mente e o coração, proporcionando equilíbrio e direcionamento.

Aplicação:

A aplicação do rapé é feita nas narinas e pode ser feita com instrumentos específicos: o Curipe e o Tipi.

O Curipe é um auto-aplicador que serve para termos uma experiência individual.

O Tipi é um aplicador que serve para ser utilizado em duas pessoas: uma pessoa assopra e a outra recebe o sopro.

Deve ser feito somente com o conhecimento devido e com confiança na pessoa que está lhe soprando. 

Pajés e curandeiros, especialmente aqueles que vivem no Acre, utilizam o Rapé para se conectar com os espíritos da floresta. Ao preparar e consagrar essa mistura, é importante estabelecer uma intenção clara. Assim como qualquer medicamento ou alimento, o Rapé absorve a energia daqueles que o preparam, incluindo seus pensamentos, intenções e estado de espírito.

Nas tribos, é comum que as pessoas preparem sua própria mistura, para que ela contenha sua própria energia e intenção. É utilizado por inúmeras etnias como Huni Kuin, Yawanawa, Noke Kuin, Tucanos, Puyanawa, Kuntanawa, Shawãdawa, dentre outros.

Existem muitos tipos de Rapé feitos com cinzas de cinzas provenientes de cascas de árvores e de outras plantas que possuem diversos benefícios. Por exemplo, o cumaru de cheiro, a canela-de-velho, o tsunu, o murici e o mulateiro, todas de uso tradicional e que contém proporiedades medicinais.



 

A casca da árvore Tsunu (espécie de pau-pereira), é uma das cinzas mais utilizadas para preparar o Rapé. É considerada por pesquisadores como uma das plantas medicinais mais importantes do Brasil, graças a um alcalóide chamado pereirina encontrado em sua casca. Com isso, o Tsunu pode beneficiar o tratamento de várias condições de saúde, como a má digestão, tontura, prisão de ventre, falta de apetite, febre e malária.

O cumaru de cheiro, é conhecido por suas propriedades analgésicas e antissépticas, podendo ser utilizada no tratamento de dores musculares, inflamações e infecções. A canela-de-velho é conhecida por suas propriedades anti-inflamatórias e analgésicas, podendo ser utilizada no tratamento de dores articulares, artrite e artrose. O murici é rico em antioxidantes e vitamina C, podendo ajudar no fortalecimento do sistema imunológico. Já o mulateiro é utilizado no tratamento de problemas respiratórios, como asma e bronquite.

Cuidados:

O uso do rapé deve ser sempre feito com parcimônia. Quando usado da forma correta e pode ajudar em questões físicas e espirituais, nos dando equilíbrio, disciplina e força. É necessário, de tempos em tempos, receber instruções de bons professores. Quando usada da forma incorreta, se torna prejudicial à saúde e ao crescimento espiritual. Cuidado com a dependência - faça da medicina a sua aliada no caminho espiritual, respeitando e honrando a sua força. O Rapé deve ser usado somente com quem você conhece e confia. Antes de adquirir rapé com qualquer um ou de um lugar que você não conheça, pesquise! É preciso ter conhecimento do preparo do produto e a qualidade da composição desses ingredientes é de suma importância.